segunda-feira, 19 de maio de 2008

IMIGRANTES EM SETUBAL-HISTÓRIA DA VIDA (Dra. Catarina Ferreira)

Título Definitivo - Imigrantes em Setúbal – Histórias de Vida

Tema - A Interculturalidade em meios urbanos

Autor – Divisão de Inclusão Social – GIME/SEI / Departamento de
Antropologia do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da
Universidade Técnica de Lisboa

Instituição – Câmara Municipal de Setúbal/Instituto Superior de Ciências
Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa
Palavras-chave – interculturalidade, imigração, histórias de vida
O desafio para apresentar uma comunicação no Encontro 13º surgiu num
momento em que a equipa do Gabinete do Imigrante e Minorias Étnicas da
Câmara Municipal de Setúbal se encontrava num processo de reflexão sobre
as questões da interculturalidade e da sua aplicação no trabalho de terreno
com as comunidades culturais. Sendo 2008 o Ano Europeu para o Diálogo
Intercultural, pareceu-nos o momento ideal para esta reflexão interna, ao
mesmo tempo que, através do nosso Plano de Actividades anual, procurámos
actividades e eventos que nos permitissem partilhar esta reflexão com outras
entidades, técnicos, e com a população.

Setúbal tem recebido, especialmente na última década, imigrantes
provenientes de várias zonas do globo. Embora actualmente mais
generalizado, este fenómeno não é estranho a este território, uma vez que o
concelho tem vindo a ser construído por sucessivas vagas migratórias, internas
e externas. No que diz respeito a migrações externas, estas foram, no período
pós 1974, oriundas maioritariamente de países africanos de língua portuguesa.
A partir de meados dos anos 90 assistimos a uma predominância de imigrantes
provenientes de países do Leste Europeu, do Brasil e de alguns países
orientais (China, Índia e Paquistão).

Mas como são estes fenómenos vividos pela população? Como é que afectam
e transformam, ou não, as rotinas, os hábitos dos habitantes de Setúbal? A
interculturalidade é efectivamente vivida ou permanece um conceito académico
diferenciado da realidade da população setubalense?
A partir desta questão inicial, procurámos centrar a nossa investigação nas
relações de vizinhança, uma vez que estas, mesmo em contexto urbano, estão
intimamente ligadas a valores como a coesão, a solidariedade e a entre-ajuda.
Como é que se estabelecem e como se desenvolvem, quando os vizinhos em
causa pertencem a culturas diferentes? Serão estas relações influenciadas
pelas próprias características dos Bairros? O contexto sócio-económico das
famílias influencia ou não a forma como estas se relacionam quotidianamente
com a diversidade cultural?

Rapidamente constatámos que fazia todo o sentido que este fosse um projecto
desenvolvido em parceria com uma Universidade, garantindo assim que, desde
o seu início, a investigação aliasse a experiência de terreno ao rigor teórico e
metodológico. Assim, contactámos o Departamento de Antropologia da
Faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa,
que se mostrou de imediato interessado no projecto.
Deste encontro, e do brainstorming conjunto com o qual demos início ao
trabalho de parceria, surgiram de imediato algumas questões que desafiavam a
proposta inicial de investigação: serão as relações de vizinhança, analisadas
isoladamente, suficientes para aferir as relações interculturais estabelecidas ou
não entre indivíduos? A tolerância à diferença e o conhecimento do “outro”
surgem desse contacto de vizinhança ou mesmo de laços de amizade ou
existem outros factores que deveremos considerar?

Assim surge a ideia de abordar a investigação com outra metodologia: histórias
de vida. Através de uma amostra qualitativa em bola de neve, serão realizadas
entrevistas qualitativas semi-estruturadas a imigrantes residentes em Setúbal,
que permitam, em profundidade, analisar o percurso e as várias dimensões da
vida de cada entrevistado e, através destas procurar identificar quais os
obstáculos e/ou factores facilitadores das relações interculturais. A dimensão
provisória da amostra foi definida para 15 a 20 histórias de vida, estando
definido o guião de entrevista, ao qual correspondem 8 tópicos:
- Perfil sociológico
- Percurso migratório
- Sociabilidades
- Relações de Vizinhança
- Percepções
- Identidades
- Relação com o Gabinete do Imigrante e Minorias Étnicas
- Expectativas
As entrevistas são realizadas por estudantes do 1º ano de Antropologia, com a
coordenação académica da Dra. Claudia Vaz, docente do Instituto Superior de
Ciências Sociais e Políticas.
Observação:
A investigação encontra-se já a decorrer, pelo que será possível, à data do
Encontro 13º, a apresentação de resultados.

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